Dentre as diversas pragas da cana, a cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata) é uma da mais importantes, prejudicando seriamente a produtividade da cultura
Elevar a produtividade. Esse é o objetivo de 10 entre 10 participantes do setor sucroenergético. E os números mostram que estamos no caminho certo. Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), na safra 2019/2020, a produção nacional foi de 642 milhões de toneladas de cana.
Entretanto, para atingir essa produtividade a preocupação com o controle de pragas da cana-de-açúcar é fundamental. E, dentre as diversas pragas da cana, a cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata) é uma da mais importantes, prejudicando seriamente a produtividade da cultura.
O nome da praga está ligado ao seu hábito alimentar: quando jovens, se alimentam das raízes e radicelas das plantas de cana; entretanto, os danos são causados tanto pelas ninfas (formas jovens) quanto pelas formas adultas.
A espécie apresenta maior incidência em cana soca (onde tende a causar maiores danos). Porém, em regiões com alta pressão populacional ou em áreas próximas às pastagens, é possível encontrar a espécie até mesmo em cana planta.
A praga tem grande ocorrência nas regiões do Centro-Sul, caso do estado de São Paulo, e na região Nordeste do Brasil.
Quando presente na cultura, essa praga provoca perdas que variam de 25% a 60% na produtividade da cana soca e 11% na cana planta. Por isso, é essencial que o setor adote medidas de controle e combate a essa praga na cultura.
A colheita mecanizada fez a população de cigarrinhas aumentar
A mudança do sistema de colheita manual da cana queimada para a colheita da cana crua, mediante a mecanização, se caracteriza por manter uma camada densa de palhada na área agrícola. Tal consequência gera um microclima ideal para o desenvolvimento da cigarrinha.
Assim, desde início da colheita mecanizada na década de 1990, essa praga é, a cada nova safra, motivo de grande preocupação, principalmente em virtude das significativas reduções na produtividade da cana, redução dos rendimentos industriais e perda na qualidade do produto final, o açúcar.
Ciclo de vida da cigarrinha e a alta influência do clima
O ciclo biológico da cigarrinha-das-raízes apresenta duração média de 60 dias, podendo chegar a até 80 dias. Isso possibilita a presença de cerca de três gerações da praga a cada safra da cana.
Nesse período, a fêmea gera, em média, 340 ovos nas bainhas secas ou sobre o solo, próximo ao colmo da planta. Na sua forma jovem (forma ninfal) as cigarrinhas fixam-se nas raízes, onde sugam a seiva.
Essa espécie de cigarrinha tem sua população elevada em períodos mais úmidos do ano. Por isso, o clima é um dos fatores que exercem grande influência na dinâmica populacional da praga, com início da eclosão dos ovos durante a estação chuvosa.
Estratégias de manejo da cigarrinha-das-raízes
Como já foi citado, a cigarrinha-das-raízes é um sério problema em algumas regiões do Centro-Sul e Nordeste, principalmente onde a maioria da cana já é colhida mecanicamente e crua. Assim, a estratégia de controle da praga deve ser muito bem planejada.
O manejo do inseto deve iniciar-se com um eficiente monitoramento da praga. Isso deverá ser realizado no início do período chuvoso e seguir durante todo o período de infestação, para que se possa acompanhar a evolução ou o controle da praga.
O nível de dano econômico (NDE) da cigarrinha é de 20 ninfas/metro linear de sulco e 1 adulto/cana. Já o nível de controle (NC) é de duas a quatro ninfas/metro linear e 0,5 a 0,75 adulto/cana.
Para grandes áreas, o controle químico, via uso de inseticidas, é o mais adotado, devido à sua boa eficiência. Porém, hoje em dia, com os produtos atuais, há áreas que exigem duas ou até três aplicações, devido ao aumento da resistência da população de cigarrinhas a estes inseticidas.
Dessa forma, para manter a produtividade da cana-de-açúcar e fugir da resistência em certas áreas é muito importante que novas moléculas sejam introduzidas para melhor controlar a cigarrinha e reduzir o risco de evolução da resistência nas populações. E é isso que aconteceu recentemente, como veremos a seguir.
Nova estratégia de controle da cigarrinha-das-raízes
Com o objetivo de acompanhar as demandas do campo, acaba de chegar ao Brasil um novo produto, desenvolvido com base na molécula inseticida inédita e exclusiva para o combate à cigarrinha da cana-de-açúcar.
Este inseticida permite que o produtor de cana atinja um novo patamar de produtividade da sua lavoura, além de elevar a produção total de açúcar/ha, como foi comprovado por diversos estudos comparativos.
Este excelente produto de controle da cigarrinha apresenta ainda maior efeito de choque e maior residual para o controle de todas as fases da cigarrinha na cana-de-açúcar.
Recomenda-se aplicar este produto durante a fase da cultura com maior potencial de ocorrência e dano da praga, que pode ser entre a fase de brotação até a fase de crescimento dos colmos. Além disso, o produtor deve realizar no máximo 1 aplicação por ciclo da cultura.