A colheita da soja no Brasil segue em ritmo intenso. Segundo informações da consultoria AgRural, 44% da safra do grão já haviam sido colhidos em 28 de fevereiro, contra 33% na semana anterior. No estado de Mato Grosso — maior produtor nacional — é onde a colheita segue mais adiantada, seguido de Goiás e do Mato Grosso do Sul.
No Mato Grosso, 79% da área já haviam sido colhidos, mesmo com os problemas de excesso de umidade e grãos avariados devido às chuvas. Também estão sendo impactados pela chuva os estados de Minas Gerais, Bahia, Piauí e Rondônia.
De acordo com a consultoria, o tempo seco ajudou o avanço no Mato Grosso do Sul e em Goiás, que já colheram mais da metade de suas áreas. Para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os índices pluviométricos favoreceram o desenvolvimento da soja desde o início nesses dois estados. “O uso de variedades de ciclo mais curto, o clima benéfico e o nível tecnológico dos produtores têm contribuído com o bom ritmo da colheita”, informa o Boletim de Monitoramento de fevereiro de 2022 da companhia.
Falta de chuvas e altas temperaturas afetam produção do MS e PR
A expectativa é que a produção de soja seja de 122.769,6 mil toneladas na safra 21/2022, número 11,1% inferior ao da safra 20/2021, quando foram colhidas 138.153,0 mil toneladas do grão, segundo a Conab.
A produtividade da cultura foi estimada em 3.016 quilos por hectare, variação 14,4% inferior em relação à safra passada, em que a produtividade chegou a 3.525 quilos por hectare. Os resultados negativos ocorreram mesmo com o aumento de 3,8% na área de cultivo da soja, que, na safra atual, chegou a 40.703,6 mil hectares no Brasil.
O Centro Oeste lidera a produção nacional, tendo nessa safra a expectativa de produzir 64.611,9 mil toneladas, índice 1,6% superior ao da safra passada. De acordo com a Conab, a produção do Mato Grosso deve ser 7,3% superior nesta safra também em relação à passada, e Goiás poderá produzir 10,2% a mais. O destaque negativo fica para Mato Grosso do Sul, onde a produção deve cair 25,7%.
“A falta de chuvas e as altas temperaturas afetaram a soja e anteciparam o seu ciclo, principalmente, no Sudoeste de Mato Grosso do Sul e no Oeste Paranaense”, informou a Conab. No Paraná, por exemplo, a produção deve cair 40,9%, chegando a 11.741,0 mil toneladas, bem abaixo das 19.880,1 mil toneladas alcançadas na safra 20/2021. No Rio Grande do Sul a expectativa é que a produção da soja nesse ciclo agrícola despenque 46% em relação ao ciclo passado.
Pragas e doenças também merecem atenção dos produtores
Como se pode perceber, as condições climáticas têm grande peso para a produção da soja — como em qualquer cultura agrícola. Além de afetar o desenvolvimento das plantas, o regime de chuvas e as temperaturas também impactam na ocorrência de pragas e doenças nas lavouras, por isso, o produtor precisa estar atento aos fenômenos climáticos para monitorar de forma correta o seu cultivo, evitando perdas ainda maiores.
Luiz Tupich, consultor de Desenvolvimento de Mercado na IHARA, alerta: “Em anos com menor pluviosidade, a tendência é de que doenças foliares tenham menor incidência, entretanto, não o suficiente para que o manejo seja descartado. Nos últimos anos, o efeito de doenças sobre a cultura da soja se mostra mais visível pela desfolha nos estádios reprodutivos de desenvolvimento da cultura.”
De acordo com o consultor, o manejo deve ser iniciado desde o tratamento de sementes, estendendo-se pelo período vegetativo para proteger o cultivo. “Ferrugem asiática, doenças de final de ciclo, mancha-alvo e outras patologias como antracnose e oídio afetarão a produtividade da soja independentemente do clima, portanto, o manejo correto de doenças tem papel fundamental para maior rendimento em produtividade”, afirma.
O sucesso do manejo fitossanitário na cultura da soja depende da correta utilização de diferentes ferramentas, desde a escolha da variedade a ser cultivada e a adubação até a escolha dos produtos indicados para o manejo químico de plantas daninhas, pragas e doenças.